A Ajuda

Carol Pearson
The Hero Within
San Francisco, Harper & Row, 1989
&
Carol Pearson
Awakening the Heroes Within
New York, Harper Collins, 1991
Excertos adaptados

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A Ajuda

Se o problema do Órfão é o desespero, a chave para a resolução do seu problema reside na esperança. Não adianta dizer aos Órfãos que devem crescer e assumir a responsabilidade das suas vidas, se não se acham capazes disso! Precisam de ter alguma esperança de que cuidarão deles. As histórias que a cultura construiu a partir do arquétipo do Órfão são do tipo “de-pobre- a-rico” e histórias de amor muito convencionais. O sub-tema desses enredos mostra que o sofrimento redime e que trará de volta o progenitor ausente. Nos romances de Charles Dickens, por exemplo, um Órfão sofre as agruras da pobreza e dos maus-tratos até se descobrir que é herdeiro de uma imensa fortuna. No final da história, reúne-se ao pai, que cuidará dele para sempre.

A auto-censura não é uma resposta adequada aos problemas dos Órfãos. Além de inviabilizar a autoconfiança, pode também incentivar a projecção livre. Para não se sentirem tão maus, os Órfãos costumam projectar a culpa nas pessoas mais próximas (amantes, companheiros, amigos, pais, patrões ou professores), em Deus ou na cultura como um todo. Como resultado, a sensação de que habitam um mundo perigoso aumenta. Ademais, na medida em que culpam as pessoas que os cercam por todo o sofrimento das suas vidas, os Órfãos afastam os outros, tornando as suas próprias vidas mais isoladas.

Neste estádio, a confiança temporária em algo de exterior a si mesmo – um poder superior, o terapeuta, o analista, o grupo, o movimento, a igreja – pode contribuir para ajudar as pessoas. A menos que tenham o infortúnio de se apegar a alguém que queira usar a sua dependência, essas pessoas serão encorajadas a responsabilizar-se gradualmente pelas suas próprias vidas. Não precisam de fazer tudo sozinhas, nem tão-pouco devem aguardar passivamente a salvação, ou apenas receber ordens. Podem ser capazes de se responsabilizar pelas suas vidas e também de obter a ajuda adequada – de especialistas, de amigos, de Deus. Podem abrir-se ao amor e a graça.

É fundamental, tanto nos grupos mais privilegiados como nos mais oprimidos, ouvir a dor do outro, sem fazer o jogo de tentar saber quem é o mais oprimido. Observamos a mesma coisa em famílias ou casais que discutem sobre quem sofre mais. Parte-se do princípio de que quem sofreu menos deve satisfazer as exigências daquele que sofreu mais. O sofrimento é estimulado, porque traz consigo o poder.

A questão consiste não em deixar as pessoas presas ao sofrimento, mas em as libertar, para que aprendam a ter alegria, eficácia, produtividade, abundância e liberdade. Precisam de ouvir as suas próprias histórias, bem como as histórias dos outros, e reconhecer qual é a sua dor, para que possam abrir a porta do crescimento e da mudança, e não se tornem uma ameaça para o outro. Um grande passo para os Órfãos consiste em abandonar a preocupação consigo mesmos e aprender a ajudar os outros.

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