A cor dourada

Georges Romey
Excertos adaptados

A cor dourada

O ouro carrega, como matéria, uma ambivalência pesada, que o torna ora um símbolo de intuição superior ora um símbolo de vaidade e de avidez de poder. No entanto, há sonhos que nos dão a entender que é através do dourado que se alcança o coração do Ser.

Há imagens que associam o dourado com o centro do Si Mesmo [o núcleo mais íntimo da Consciência]. O dourado imaginário adquire então um sentido que se afasta da ideia de ornamento. Liga-se ao sagrado, ou seja, ao que é inacessível ao profano.

A cor dourada protege e dá, simultaneamente, acesso ao coração do Ser. Se o dourado tem quotidianamente uma conotação de artificialismo, no imaginário liga-se à sua dimensão original, na qual se confunde com a Fonte, com uma Totalidade que escapa ao aprisionamento da razão.

A rosa de ouro dos alquimistas, símbolo do fermento da Obra, e que C.G. Jung propõe como símbolo do Si Mesmo, seria fruto da união da rosa, configuração da totalidade da psique, com a cor dourada, símbolo do acesso ao coração do Ser.

Alguns exemplos ilustrarão estes temas através de imagens e de comentários convincentes. Anne começa o seu sonho com as seguintes palavras:

Vejo uma casa, uma casa velha dentro de um parque… diante dela há uma bela rosa vermelha…a casa é antiga, feita de pedra, uma pedra dourada! É cor de ouro velho… a rosa é muito grande mas a casa ultrapassa-a em tamanho… protege-a… esta casa tem uma forma muito acolhedora… é uma imagem… como dizer? Ideal! Mas não é.

Sei que dentro da casa há um quarto onde se pratica o budismo… e que no centro desse quarto há uma luz muito forte…há um pergaminho que irradia uma luz que parece um sol. É um pouco como o centro da terra, quente e misterioso, que na superfície parece uma crosta morta e insensível! No interior é o oposto…tenho de regular a troca entre a efervescência do núcleo e a frieza da crosta!…

 

 

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