A feiticeira

Georges Romey
Excertos adaptados

A feiticeira

A personagem da Feiticeira tornou-se dificilmente separável da da madrasta a perseguir Branca de Neve com a sua rivalidade de ódio. Depois de Branca de Neve e dos seus anões, a correlação mais marcante diz respeito à fada. Unidas pela sua pertença comum ao mundo da magia, as duas personagens estão-no igualmente na representação da anima e da imagem materna.

Quer se trate de magia, de anima ou de representação materna, a feiticeira exprime o lado sombrio, negativo, perigoso enquanto a fada simboliza o lado luminoso, positivo, prestável. Mas como é que tais figuras, por excelência inacessíveis, produtos do sonho e mestras da ilusão, se deixam encerrar nos dois pólos da ambivalência negativa/positiva?

Vários séculos após os ignóbeis processos de feitiçaria, frequentemente alimentados por projecções colectivas, seríamos tentados no final de tal estudo do símbolo a abrir um processo de reabilitação da feiticeira imaginária.

Mas nem tudo é inocente na personagem! De forma alguma! E no céu do sonho ecoa, por vezes, o riso sarcástico da velha mulher descabelada, desaparecendo no seu veículo fálico que é a vassoura mágica. Parece, contudo, que o inconsciente põe em cena apenas um pequeno número de feiticeiras realmente ameaçadoras. Pelo contrário, cada paciente arranja uma frase original para atenuar a sua visão mais negativa da feiticeira.

Tais frases não têm apenas o objectivo de facilitar a confrontação com um arquétipo angustiante. Elas revelam também uma parte do disfarce maléfico atribuído a um símbolo cujo papel fundamental é, no entanto, o de promover a relação entre o instintivo e o espiritual, entre o corpo e a alma, entre a terra o céu.

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